Acostumara-se ao silêncio como quem se acostuma a uma doença crônica, progressiva, terminal. Um silêncio repleto de vozes e pensamentos, pulsações de tudo que poderia ter sido e não foi.
No começo sentira-se definhar como uma planta sem água, sem luz... Aos poucos decidira-se pela vida e suas raízes aprofundaram-se no solo em busca do precioso líquido. E quanto mais suas raízes desciam escavando o solo profundo, mais seus galhos fortaleciam-se em busca do sol.
Vivia de um quase nada, sustentava-se do sonho que lhe presenteava a lua a cada noite, gostas de orvalho vicejante na madrugada.
Um dia tocou a água escondida no solo profundo e assustou-se com a imensidão do azul do céu. Tudo, repentinamente, parecia apoteótico, festivo, enorme... Ressabiada, olhou em volta e o canteiro continuava estreito, silencioso, mas o jardim era enorme, embora jamais se houvesse apercebido.
Derramou-se preguiçosa pelos muros permitindo que a vida instalasse flores em seus galhos, que a raiz buscasse a água tão necessária e, faminta, recebeu a lua com seus raios de sonho e fantasia.
Aprendeu a ouvir os pássaros e cantou a canção da vida desenhando um bordado de fugaz felicidade!
mai006
Thamar
Lindo, lindo! correr, alçar voo, nos lançar no espaço, livre das ancoras... desabrochar! Esparramar! bj bj
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